Bolívia já vive clima de paz depois de tentativa de golpe

Tanques e soldados do Exército invadem a entrada do palácio presidencial em La Paz, na Bolívia. Roteiro e imagens lembram as décadas de 1960 e 1970, quando ditaduras militares se espalharam pela América do Sul. Mas a cena ocorreu, na quarta-feira (26), durante tentativa de golpe na Bolívia.

O golpe na Bolívia não se concretizou. Foi arquitetado pelo general Juan José Zúñiga. Ele acabou sendo preso e acusou o presidente Luis Arce de orquestrar o ato. A situação já é de tranquilidade e paz na capital do pais, La Paz, e em todo o pais, nesta quinta-feira (27).

Mundo condena o golpe

A tentativa de golpe de Estado na Bolívia gerou reação em todo o mundo. O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, divulgou nota declarando que “condena, nos mais firmes termos, a tentativa de golpe de estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado Democrático de Direito no país”.

Avaliação do golpe na Bolívia

Entre especialista existe um entendimento comum de que o episódio de quarta-feira (26) foi muito mais um ato isolado do general Juan José Zúñiga do que um movimento bem planejado, com apoio de diferentes forças sociais. O general foi demitido, na terça-feira (25) do cargo de comandante do Exército, depois de ameaçar o ex-presidente Evo Morales.

“O general teve um erro de cálculo político”, diz Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais.

O ato do general pode ser entendido, também, a partir de problemas mais estruturais que o país enfrenta, como a dimensão econômica.

“A Bolívia está vivendo uma situação econômica muito difícil. O principal setor é o de gás natural, que está enfrentando uma série de problemas. Isso levou a uma queda nas exportações, e as reservas internacionais da Bolívia estão muito pequenas, em torno de US$ 3 bilhões. O que é nada para as necessidades de um país”, diz Maurício Santoro.

Para os pesquisadores, é preciso considerar também um contexto mais amplo na América do Sul, com avanço de grupos e lideranças de extrema-direita, que representam o crescimento de movimentos autoritários e antidemocráticos. Em alguns casos recentes, houve tentativas de golpe igualmente fracassadas.

Com foto e informações da Agência Brasil