Líderes destacam papel de Pepe Mujica na integração da latino-americana

A morte do ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, aos 89 anos, um dos grandes ícones da esquerda latino-americana deste século, repercute entre lideranças políticas mundiais e movimentos sociais.

Pepe Mujica morreu na terça-feira (13), em sua chácara nos arredores de Montevideo, a capital do Uruguai. A notícia foi confirmada pelo atual presidente uruguaio e aliado de Pepe, Yamandú Orsi.

“Com profunda dor comunicamos que faleceu nosso companheiro Pepe Mujica. Presidente, militante, referência, liderança. Vamos sentir muito sua falta, velho querido! Obrigado por tudo que nos deste e por teu profundo amor pelo seu povo”, escreveu Yamandú Orsi nas redes sociais.

O Governo do Brasil, por meio do Palácio do Itamaraty, emitiu nota de pesar, logo após o anúncio da morte do ex-presidente do Uruguai, chamando Mujica de um dos grandes humanistas contemporâneos.

“Grande amigo do Brasil, o ex-presidente Mujica foi um entusiasta do Mercosul, da Unasul e da Celac, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época. Seu compromisso com a construção de uma ordem internacional mais justa, democrática e solidária constitui exemplo para todos e todas”, disse a pasta, em nota.

O presidente da República, Luiz Inácio da Silva participa do velório, que fica aberto ao público até quinta-feira (15).

José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 13 de maio de 2025. Ocupou o cargo de presidente do Uruguai de março de 2010 a março de 2015. Foi guerrilheiro e ícone da esquerda latino-americana.

Solidariedade

O presidente do Chile, Gabriel Boric, que visitou Mujica há cerca de três meses, dirigiu-se diretamente ao líder uruguaio em uma carta de despedida, postada em suas redes sociais.

“Caro Pepe, imagino que você vá embora preocupado com a salada amarga que existe no mundo hoje. Mas, se você nos deixou alguma coisa, foi a esperança insaciável de que é possível fazer as coisas melhor — ‘passo a passo para não sair dos trilhos’, como você nos disse — e a convicção inabalável de que, enquanto nossos corações baterem e houver injustiça no mundo, vale a pena continuar lutando”.

Mujica foi descrito como “grande revolucionário” pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que defendeu a total integração latino-americana.

“Adeus amigo. Espero que um dia a América Latina tenha um hino, espero que um dia a América do Sul se chame: Amazônia. Hoje acredito firmemente que o projeto de integração latino-americana passa pela construção, como a União Europeia, de uma União Grancolombiana, que no coração da América Latina e do Caribe dê o passo decisivo para a integração”, afirmou gestor colombiano.

“Com o coração profundamente triste, nos despedimos do nosso irmão e camarada José ‘Pepe’ Mujica, um verdadeiro farol de esperança, humildade e luta pela justiça social. Sua vida foi um testemunho de rebelião e amor ao seu povo. Seu legado viverá em nossos corações, na história do Uruguai e da Pátria Maior, sempre nos lembrando da importância de não desistir de nossa missão por um mundo mais justo e unido. À família e entes queridos de Lucía, enviamos nossas mais profundas e sentidas condolências neste momento difícil”, postou o presidente da Bolívia, Luís Arce.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também usou as redes sociais para se pronunciar sobre a partida de Mujica. “Lamentamos profundamente a morte do nosso querido Pepe Mujica, um exemplo para a América Latina e o mundo inteiro por sua sabedoria, consideração e simplicidade. Expressamos nossa tristeza e condolências à família, amigos e ao povo do Uruguai”, postou.

Na Europa, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, destacou a dedicação humanitária de Mujica.

“Um mundo melhor. Nisso acreditou, militou e viveu Pepe Mujica. A política tem sentido quando se vive assim, desde o coração. Meu carinho mais profundo para sua família e para o Uruguai”.