* Carlos Brandão
Outro dia, lendo um artigo do jornalista Raimundo Borges, uma frase chamou atenção: “O Brasil inteiro vira Nordeste”. No caso, ele se referia à época das festas juninas. E, se assim for de fato, quando Santo Antônio, São Pedro, São João e São Marçal batem à porta, o Maranhão vira vitrine, veste sua alma de alegria e convida o país inteiro a dançar. É um tempo mágico em que a memória dos nossos antepassados pulsa forte, lembrando que celebração também é resistência. Aqui, cada rua, cada arraial, vira palco onde a identidade se manifesta em cores, sons e, sobretudo, em oportunidade para a nossa gente.
Desde 2022, abrimos as portas de um São João que dura 65 dias, espalha mais de 800 atrações por seis grandes polos, incluindo Imperatriz, e transforma todo o estado no maior palco popular do Brasil. Todas as raças se misturam num só compasso, fazendo do Bumba Meu Boi, da Quadrilha, do Tambor de Crioula, do Cacuriá, da Dança Portuguesa – e de tantas outras brincadeiras -, uma orquestra de pertencimento. Para reforçar essa história, acabamos de sancionar a lei de autoria do deputado Zé Inácio, que marca o dia 27 de junho – aniversário da saudosa Dona Teté – como o Dia Estadual do Cacuriá: homenagem justa a quem eternizou essa nossa expressão tão maranhense.
Quem chega por aqui, nessa época, sai prometendo voltar. Não é à toa que, no ano passado, mais de 90 % dos visitantes afirmaram que desejam reviver a experiência. Além disso, São Luís é comprovadamente a cidade mais envolvida com os festejos juninos no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada pelo site Cultura nas Capitais.
Encantamento? Sim. Mas também dinheiro circulando, emprego surgindo, futuro se abrindo. Nossa economia vai girar com o investimento que estamos fazendo. Por todo o Maranhão, esperamos movimentar mais de R$ 400 milhões. Esse valor não para em cofres distantes: passa pelas mãos de quem trança chapéu de palha, prepara o vatapá, o arroz de cuxá, vende sua tiquira e atende com sorriso aberto o turista maravilhado.
Micro e pequenos empreendedores maranhenses ganham crédito, capacitação e encontram, na Vila Junina Armazém do Empreendedor – instalada no Arraial do Ipem – espaço para expor talento em forma de artesanato, moda e gastronomia. Cada venda realizada mantém acesa a fogueira da economia criativa que aquece nossos 217 municípios.
E festa boa também se faz com parceria e segurança. O projeto Bumba Meu São João, totalmente financiado pela iniciativa privada, trouxe palcos modernos, iluminação de última geração e entrada franca para os eventos. Do nosso lado, garantimos reforço policial, hospital de campanha na Arena Castelão e ampliação das linhas de transporte. Uma iniciativa que reuniu, em cinco dias, 15 atrações nacionais, diversos artistas locais e mais de 500 mil expectadores. Assim queremos o nosso São João: todos celebrando com tranquilidade, enquanto o período impulsiona hotéis, restaurantes e nossas atrações turísticas.
Quando protegemos as nossas tradições, protegemos quem somos e geramos dividendos que voltam em forma de inclusão social, empregos e, sobretudo, orgulho. Mostrar que desenvolvimento também se faz com matraca, tecido colorido e fé simples é a prova de que cultura e prosperidade caminham juntas. Este fim de semana estamos iniciando nosso circuito de arraiais e temos certeza de que superaremos todas as expectativas planejadas – seja em número de turistas nos visitando, seja em geração de emprego e renda aos maranhenses.
Sigamos, então, de mãos dadas fazendo o Maior São João do Mundo. Afinal, nada se compara à diversidade de atrações de nossa festa. Que cada matraca, que cada toada, que cada som do tambor, ecoe como convite para que o mundo descubra este Maranhão diverso, vibrante e, acima de tudo, acolhedor. Pois, aqui, quem acende a fogueira do São João acende também a chama do desenvolvimento.
* Governador do Maranhão