Revista em quadrinhos conscientiza alunos sobre hanseníase em Imperatriz

Uma iniciativa inovadora está ajudando a conscientizar crianças e adolescentes sobre a hanseníase em Imperatriz (MA). A revista em quadrinhos “Que Mancha é Essa?”, criada por pesquisadores no âmbito do projeto RastHans, usa narrativas lúdicas e ilustrações coloridas para abordar temas como prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. A proposta faz parte de uma pesquisa coordenada pela farmacêutica Alice Marques Moreira Lima, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

Alice Marques destacou o impacto da linguagem visual e acessível dos quadrinhos. “Essa ferramenta aproximou pesquisadores e crianças, traduzindo conceitos científicos de forma simples e despertando curiosidade”, explicou. A revista é voltada para alunos de escolas públicas e privadas de Imperatriz e busca superar o estigma associado à hanseníase, promovendo a conscientização de maneira clara e envolvente.

Além da produção da revista, o projeto realizou ações educativas, avaliações dermato-neurológicas e visitas domiciliares. Durante o estudo, 92 crianças foram avaliadas, resultando na confirmação de três casos da doença, enquanto outros dois foram identificados em visitas domiciliares com testes rápidos.

A hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, afeta pele, nervos periféricos e mucosas, podendo gerar incapacidades físicas se não tratada. A iniciativa aposta na conscientização para promover o diagnóstico precoce, essencial no combate à doença.

O projeto integra as ações do Janeiro Roxo, mês dedicado ao enfrentamento da hanseníase, e é um dos cerca de 100 estudos apoiados pela Fapema, que investiu R$ 1,7 milhão em pesquisas voltadas ao tema. O presidente da fundação, Nordman Wall, destacou a importância da sensibilização da população. “A ciência é uma aliada essencial no combate à hanseníase, ajudando a desmistificar a doença e promover avanços no diagnóstico e no tratamento”, afirmou.

Educação como ferramenta de saúde pública

A revista em quadrinhos integra o eixo educativo do projeto RastHans e é vista como uma ferramenta estratégica para envolver crianças e adolescentes. Segundo a equipe, a abordagem ajuda a desmistificar a hanseníase, promovendo o reconhecimento precoce dos sinais e incentivando a busca por orientação médica.

A enfermeira Maria Margalho, integrante do projeto, enfatizou o papel da Fapema no sucesso da iniciativa. “O apoio financeiro possibilitou a execução do projeto e o incentivo a outras pesquisas sobre doenças negligenciadas como a hanseníase”, disse.

Alice Marques, coordenadora do estudo, reforçou a relevância do trabalho. “Além de conscientizar a população, o projeto fortalece a saúde pública na região e consolida o Maranhão como polo de pesquisa científica e inovação”, declarou.

A equipe do projeto contou com professores das universidades UFMA e Uemasul, além de acadêmicos de Enfermagem e Medicina.